O que te faz procrastinar?
- Alessandra Aragão

- 15 de fev.
- 3 min de leitura
Identificando gatilhos emocionais e comportamentais para sair da inércia.

Procrastinar é um fenômeno universal. Todos, em algum momento, adiam tarefas importantes, mesmo sabendo das consequências negativas. Mas por que fazemos isso? Mais do que uma simples falta de disciplina, a procrastinação está profundamente enraizada em fatores emocionais e comportamentais. Para superá-la, é essencial compreender esses gatilhos e desenvolver estratégias eficazes para sair da inércia.
A procrastinação não é apenas uma questão de preguiça ou má gestão do tempo.
Um estudo realizado pela Universidade de Carleton, no Canadá, revelou que a procrastinação está relacionada à dificuldade em lidar com emoções negativas. Os pesquisadores descobriram que as pessoas que procrastinam tendem a evitar tarefas que despertam sentimentos de ansiedade, medo ou frustração. Ou seja, procrastinar é, muitas vezes, uma forma de fuga emocional.
Timothy A. Pychyl, especialista no tema, e líder da pesquisa acima, sugere que a procrastinação é um problema de autocontrole e não de tempo. Quando nos deparamos com uma tarefa que nos causa ansiedade, insegurança ou tédio, tendemos a substituí-la por atividades mais prazerosas e imediatas, como redes sociais ou assistir a um vídeo. Essa troca nos dá um alívio momentâneo, mas não resolve a raiz do problema.
Cada pessoa tem seus próprios gatilhos que desencadeiam a procrastinação. Alguns dos mais comuns incluem:
Medo do fracasso – Quando duvidamos de nossa capacidade de realizar uma tarefa, evitamos iniciá-la para não enfrentar a possibilidade de falhar.
Perfeccionismo – A crença de que tudo deve ser feito de maneira impecável pode levar à paralisação, pois o medo de não atingir um alto padrão impede o progresso.
Falta de motivação – Tarefas que parecem sem propósito ou pouco estimulantes são frequentemente adiadas.
Sobrecarga mental – Quando nos sentimos sobrecarregados, nosso cérebro pode reagir com paralisia, dificultando a priorização e execução de tarefas.
Impulsividade – Pessoas impulsivas tendem a seguir estímulos imediatos e deixar de lado obrigações menos atrativas.
Reconhecer quais desses gatilhos mais influenciam seu comportamento é um passo fundamental para mudar a relação com a procrastinação. Para isso, é necessário aprofundar-se na autoconsciência e observar quais emoções surgem quando você adia algo. Sente medo? Frustração? Insegurança? Muitas vezes, o verdadeiro motivo por trás da procrastinação não está na tarefa em si, mas na carga emocional que ela desperta.
Uma ferramenta útil nesse processo é a escrita reflexiva. Anotar os pensamentos e sentimentos associados à procrastinação pode trazer clareza sobre os bloqueios internos e facilitar a identificação de padrões. Além disso, questionar-se sobre a real motivação para realizar determinada atividade ajuda a entender se há um propósito claro por trás dela ou se a falta de conexão está contribuindo para o adiamento. Se uma tarefa não faz sentido para você, talvez seja necessário reavaliar sua importância e encontrar uma razão pessoal para executá-la.
Ao identificar seus gatilhos, algumas estratégias práticas podem ajudar:
Quebre as tarefas em partes menores – Grandes desafios podem parecer intimidantes. Dividir uma tarefa complexa em pequenas ações facilita o início e reduz a sensação de sobrecarga.
Estabeleça prazos realistas – O uso da técnica Pomodoro (trabalhar por 25 minutos e descansar 5) pode ajudar a manter o foco sem exaustão.
Reduza distrações – Crie um ambiente propício à concentração, desativando notificações e limitando o acesso a redes sociais durante o trabalho.
Pratique a autocompaixão – Em vez de se culpar pela procrastinação, reflita sobre os sentimentos que a causaram e reajuste sua abordagem sem autocrítica excessiva.
Conecte a tarefa ao seu propósito – Pergunte-se: Por que essa tarefa é importante para mim? Quando associamos uma ação a um objetivo maior, encontramos mais motivação para realizá-la.
Use recompensas estratégicas – Prometer-se pequenas recompensas após completar uma etapa pode aumentar a motivação e o engajamento.
Mais do que um problema de produtividade, a procrastinação pode comprometer a realização de sonhos e projetos importantes. Pense no tempo que você já perdeu adiando tarefas que poderiam ter transformado sua vida.
Como disse Sêneca: “Enquanto perdemos nosso tempo hesitando e adiando, a vida passa.” Não deixe que a procrastinação controle seu tempo. Compreenda seus gatilhos, adote estratégias práticas e assuma o comando do seu próprio destino.
Comentários